No cenário político e econômico argentino, o atual ministro da Economia, Sergio Massa, emerge como uma figura central. No domingo, 23 de outubro, ele conquistou a atenção do país ao se tornar o candidato do governo nas próximas eleições presidenciais. Esse destaque se deve a uma série de desafios econômicos significativos que o próximo líder do país enfrentará.
Ao herdar uma situação de inflação potencialmente atingindo 180% até 2023, taxas de juros anuais em torno de 140% e uma taxa de câmbio paralela de 1 dólar equivalente a 1.000 pesos, Sergio Massa tem uma árdua tarefa pela frente. A incerteza paira sobre seu plano econômico, ou melhor, a falta de clareza sobre suas propostas para estabilizar as finanças do país. Especialistas como o economista Fabio Giambiasi, do Instituto Getulio Vargas de Pesquisas Econômicas (FGV Ibre), apontam que o plano de Massa ainda carece de detalhes precisos.
Outra questão premente é que a Argentina realizará eleições em outubro de 2025 para reformar partes da Câmara dos Deputados e do Senado. Os observadores econômicos expressam preocupações quanto à possibilidade de uma inflação descontrolada até lá. Massa, caso eleito, enfrentará a necessidade de implementar medidas econômicas significativas antes desse desafio eleitoral. Isso é vital para lidar com a crise econômica agravada por ele mesmo.
Porém, uma crítica comum é que o plano de governo de Massa, que é candidato do sindicato de esquerda Union por la Patria, carece de sugestões claras sobre a resolução de problemas estruturais de tal magnitude. Embora sua plataforma inclua a criação de uma mesa de negociação de preços e salários, a promessa de controlar a inflação por meio de um acordo com os credores é vista como algo vago demais pelos analistas.
Seu adversário no segundo turno, Javier Milei, da coalizão de direita La Libertad Avanza, propõe a dolarização da economia argentina, um plano que enfrenta críticas por sua viabilidade. Além da escassez de dólares no país, isso implicaria a perda de soberania na política monetária.
Para resolver essa crise econômica e estabilizar a inflação, qualquer candidato eleito precisará controlar o câmbio e acumular reservas em dólares. No entanto, a incerteza sobre o tamanho real das reservas de dólares da Argentina persiste. As estimativas indicam que essas reservas podem ser insuficientes para sustentar a economia.
Matías Vernengo, economista e ex-gerente sênior de pesquisa do Banco Central da Argentina, sugere que Massa pode optar por construir lentamente um fundo de reserva para estabilizar a economia se eleito. Isso poderia ser alcançado por meio do aumento das exportações, especialmente na agricultura. No entanto, fatores imprevisíveis, como as condições climáticas para as colheitas, também influenciarão o futuro econômico do país.
Diante desses desafios, a Argentina enfrenta uma encruzilhada econômica onde a incerteza e a necessidade de medidas decisivas dominam o cenário. Os eleitores e observadores econômicos aguardam ansiosamente para ver como o próximo líder do país abordará esses problemas complexos.